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A Praça do Sol e a Teoria das Janelas Quebradas

*Artigo de Giovana Jacomini, Gerente Técnica do CAU/GO

Deixando de lado as polêmicas que envolveram a revitalização da Praça do Sol – como ausência de concurso público para o projeto e a dificuldade de comunicação entre a prefeitura e os moradores da região – enaltecemos a grande importância, para a cidade, dos espaços públicos com qualidade.

Em meu caminho habitual, me entristecia ver uma praça tão escura e abandonada, com calçadas quebradas, terra batida no lugar de vegetação e falta de equipamentos de esporte e lazer. Caminhar pela praça era uma operação de risco! Principalmente para a população idosa. Com exceção da Feira do Sol realizada aos domingos, o que se via era um espaço que, além de estar degradado, não tinha uso.

Após a reforma, a população abraçou a praça. Diariamente, vemos inúmeras crianças no parquinho, jovens andando de skate e patins, pessoas se exercitando, fazendo caminhadas, passeando com seus animais de estimação. A mudança nos remete à Teoria das Janelas Quebradas, desenvolvida por psicólogos americanos no início dos anos 1980, para analisar a relação entre desordem e criminalidade. O estudo colocou dois carros idênticos em bairros distintos: um violento e degradado e outro rico e tranquilo. O carro na região conflituosa foi prontamente roubado e destruído. Uma semana depois, o carro do bairro nobre continuava intacto. Em continuidade à pesquisa, os responsáveis quebraram uma das janelas do veículo. A partir do ato, o carro sofreu as mesmas ações que aquele do bairro violento.

O estudo nos mostra que a qualidade do espaço público influencia diretamente na forma de agir da população. Um espaço deteriorado caracteriza a ausência do poder público e leva à sensação de que o local é de ninguém. E, assim, nenhuma pessoa vai se importar em cuidar dele, criando um círculo vicioso de depreciação e negligência, aumentando os índices de violência e privando as pessoas do uso do espaço. O espaço público digno e bem cuidado cria o círculo inverso. Todos se sentem donos daquele local, como deve ser o sentimento da sociedade em relação ao público e, assim, todos cuidam e respeitam o sítio.

Nosso desejo é de que, com o devido concurso de projeto e a participação da sociedade, o exemplo da Praça do Sol seja replicado por toda a cidade. E que a sociedade e o poder público façam sua parte, para que nenhuma janela fique quebrada.

Publicado originalmente no jornal O Popular, em 23/03/2017.

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