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Exposição fotográfica: por trás das imagens do patrimônio histórico

“Se perguntar para dez pessoas diferentes, cada uma vai ter a sua própria seleção das melhores fotos” foi um comentário que se ouviu nos corredores, durante a abertura da exposição do CAU/GO na Escola de Artes e Arquitetura da PUC Goiás, no dia 3 de outubro. A mostra reúne as 80 imagens mais bem classificadas no 1º Concurso Público Nacional de Fotografia do Conselho, feitas por fotógrafos amadores ou profissionais em oito cidades goianas. Permanece em cartaz até o próximo dia 29, na Área III da PUC Goiás. Confira aqui o horário de funcionamento.

Veja as fotos da abertura do dia 3 de outubro.

“O grande número de imagens inscritas, mais de 300, nos deu grande satisfação”, afirma o presidente do CAU/GO, Arnaldo Mascarenhas Braga. A diversidade das áreas de atuação de seus autores também chamou a atenção do Conselho. “Houve arquitetos e urbanistas e profissionais de outras áreas, que foram sensibilizados com nosso concurso a olhar com zelo para a cidade e suas edificações. Atingimos assim nosso objetivo de atrair novas atenções para o cuidado com o patrimônio.”

Entre os locais ou edificações mais retratados da exposição estão o Lago das Rosas, em Goiânia, e a Igreja Matriz do Rosário, em Pirenópolis, com seis imagens cada. Dos 58 autores presentes na exposição, 38 emplacaram uma foto, 18 entraram com duas, e dois participantes marcaram presença com três imagens. Ao todo, foram três as fotografias premiadas, e oito as que receberam menção honrosa. Por trás delas, estão histórias de pessoas com distintas relações com a fotografia e com o patrimônio.


Marco Antônio Galvão, arquiteto formado pela Universidade de Brasília (UnB) em 1972, conquistou o primeiro lugar com o registro de garotos a explorar o Chafariz de Cauda, localizado na Praça Brasil Caiado – mais conhecida como Praça do Chafariz, na cidade de Goiás. “A imagem foi capturada há aproximadamente dois anos, enquanto eu fazia uma série de fotos no fim da tarde, aproveitando a luz”, explica Marco Antônio. Outra foto do arquiteto integrou a seleção para a mostra, retratando um jogo de futebol de crianças na mesma Praça do Chafariz.

Coincidência ou não, Marco Antônio tem estreita relação com o patrimônio brasileiro, pois se dedicou por 29 anos ao trabalho no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Tive a oportunidade de viajar por todo o Brasil. Tirava fotos a trabalho e por hobbie”, disse. “Para o concurso do CAU/GO, a princípio eu enviaria imagens feitas em Pilar de Goiás, mas foi minha esposa, Vera Braun Galvão, quem sugeriu essa imagem que fiz na antiga capital, que acabou premiada”.

A segunda colocada no certame, Isadora Pereira Lima, registrou de um ângulo inusitado o trampolim art déco do Lago das Rosas, em Goiânia. “Fui aos pedalinhos com meu pai, numa quinta-feira de manhã. Subi no trampolim para fazer a imagem e logo vieram crianças querendo subir ao topo. Observei que a partir do momento em que alguém toma a iniciativa, outras pessoas percebem que também podem se apropriar daquele espaço.” Para ela, “fotografia é mais olhar do que técnica”.

Recém-formada em Relações Internacionais pela UnB, Isadora começou a fotografar em 2015, quando aprendeu algumas técnicas com uma amiga do ramo. “Gosto do que dura, de pensar no que era antes e como é agora”, afirma. “Muitas vezes as pessoas têm uma relação fria com a cidade. O patrimônio está aí para nos servir, mas nem sempre usufruímos dele”.

A imagem que conquistou o terceiro lugar é de autoria de Luiz Evandro Triers Filho, que inscreveu sua imagem feita no Beco da Constituição, em Pirenópolis, sua cidade natal e onde trabalha como guia turístico desde 2005. Luiz conta que seu primeiro contato com a fotografia foi aos 10 anos de idade. Na época, fez duas fotos em câmera analógica na tradicional Festa do Divino, que acontece anualmente em Pirenópolis e é considerada patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Iphan desde 2010.

No ano passado, comprou uma câmera profissional e passou a clicar mais. “Comecei a fazer fotos aleatórias da natureza e da cidade”, conta”. “Essa do Beco da Constituição fiz durante meu trabalho na festa do Divino. Saí de um restaurante, passei pela rua e lembrei que já tinha um tempo que queria fazer uma foto daquele local”.

Já Aparecida de Fátima, que levou menção honrosa por uma imagem da fachada do Museu Pedro Ludovico Teixeira, entrou no mundo da fotografia para fugir de um problema de saúde. “Trabalhei por muito tempo em hospitais”, diz, “e de enfermeira passei a paciente, devido a um quadro de depressão. Foi quando meu médico me orientou a buscar um hobbie. Comecei a fotografar e pintar.”

Aparecida soube do Concurso Fotográfico do CAU/GO através das redes sociais. “Quando vi, lembrei logo da minha pasta de fotos voltada à arquitetura e ao urbanismo da capital”, afirma. “Gosto de observar a cidade e principalmente as construções antigas. Só gostaria que plantassem mais árvores floridas, para dar mais beleza e grandeza à arquitetura.”

O anapolino Diego Chagas, 29, que também levou uma menção honrosa, ao saber o tema do concurso teve como primeiro impulso fotografar Pirenópolis ou Goiás. Depois de amadurecer as ideias, achou melhor buscar bens tombados em Anápolis. “Nada mais justo do que um fotógrafo apresentar imagens da sua própria cidade.”

“Saí pra fotografar o Museu Histórico Alderico Borges de Carvalho, fiz fotos do quintal, da fachada… E enquanto conversava com uma funcionária do museu, já com a câmera guardada para ir embora, percebi a luz que entrava pelas portas. Não tinha como ignorar aquela cena”, conta.

A relação de Diego com a fotografia teve início em 2016, ao ler o livro ‘Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios’, de Marçal Aquino, que tem como personagem principal um fotógrafo. “A partir daí passei a ter uma curiosidade enorme sobre fotografia. Logo eu estava pesquisando qual câmera comprar, e em janeiro de 2017 adquiri uma Canon T5i e comecei a estudar pela internet. Posteriormente, fiz cursos e oficinas para aprimorar minha técnica.”

“A cidade mudou bastante para mim após o concurso”, relata. “Hoje vejo alguns detalhes que antes passavam despercebidos, como por exemplo a arquitetura dos prédios antigos do centro, que ficam praticamente escondidos atrás dos banners gigantes das lojas”, avalia.

Para o arquiteto Marco Antônio Galvão, iniciativas de promoção do Patrimônio Cultural “têm que ser aplaudidas com todo louvor”. “Principalmente neste momento de crise política e moral”, afirma.

Serviço
Exposição Fotográfica – Patrimônio Histórico na Arquitetura e Urbanismo
Data: 4 a 29 de outubro de 2018
Horário: 8h às 13h – 16h30 às 21h30
Local: Escola de Artes e Arquitetura da PUC Goiás – Área III
Endereço: Primeira Avenida, qd. 88, Leste Universitário, Goiânia, GO (esquina com Av. Universitária)

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