No dia 24 de junho a Caravana do CAU/GO esteve em Anápolis, onde promoveu reuniões institucionais e participou de uma reunião ordinária do Conselho Municipal da Cidade (COMCIDADE), que contou com a palestra do presidente do Instituto de Planejamento Urbano de Palmas, o arquiteto e urbanista Luiz Masaru Hayakawa. O primeiro encontro aconteceu na Prefeitura da cidade com a participação do Presidente do CAU/GO John Mivaldo da Silveira, o Diretor-Geral Edinardo Lucas, o arquiteto e urbanista Luiz Masaru, o Prefeito João Batista Gomes Pinto, a Diretora de Gestão do Plano Diretor Rafaela Bueno, o Diretor de Habitação e Urbanismo Daniel Fortes, o Assessor Especial da Prefeitura, Henrique Morgantini e o procurador-geral Edmar Silva.
O Prefeito discorreu sobre diversos problemas vivenciados pela cidade, como moradias em áreas de risco e edificações empresarias perigosas, como postos de gasolina em locais inadequados, próximos a escolas e hospitais. Para ele, o Plano Diretor da cidade é permissivo e não tem contemplado a qualidade de vida dos habitantes da cidade. Luiz Masaru ponderou que as atividades empresariais devem ser avaliadas por meio de estudos de impacto de vizinhança e que não há necessidade de mudar todo o Plano Diretor para conseguir regulamentar algumas situações, mas sim criar leis específicas para cada caso. “Os Planos Diretores não devem se ocupar de detalhes de determinados assuntos”, frisou Luiz Masaru. “Como a cidade está em constante crescimento, eles ficam rapidamente defasados”, completou.
John Silveira destacou a importância de Anápolis dentro das estratégias do CAU/GO para qualificação dos espaços urbanos, lembrando que a cidade conta com mais de 150 arquitetos e urbanistas e três faculdades de Arquitetura e Urbanismo, o que a capacita a ser a primeira cidade do interior goiano a ter um escritório regional. Ele apresentou ao Prefeito e à equipe técnica a minuta para elaboração de convênio destinado ao compartilhamento de dados entre a Prefeitura e o CAU/GO.
Na reunião com arquitetos e urbanistas, realizada no auditório do SENAI, o Presidente do CAU/GO fez a apresentação do órgão aos profissionais, falando da atuação em diversos setores nestes dois anos de criação. Aproveitando a presença de acadêmicos de Arquitetura e Urbanismo, John Silveira observou que há um vácuo entre os arquitetos e urbanistas recém-formados e profissionais com mais tempo de atuação e que essa dificuldade de comunicação dificulta o compromisso com o bem-estar coletivo no que diz respeito aos espaços urbanos. Disse ainda que a matéria urbana é, hoje, o principal tópico da pauta política e que os profissionais que lidam com questões urbanas precisam se unir e estar engajados nos debates e na implantação do Estatuto das Cidades e que, sobretudo, os arquitetos e urbanistas não têm o direito de se isentar desta responsabilidade.
A palestra de Luiz Masaru, realizada durante a reunião do COMCIDADE, também no auditório do SENAI, contou com a participação de mais de 60 pessoas, entre acadêmicos e autoridades do município, e versou sobre as conquistas de planejamento urbano obtidas nas gestões de Jaime Lerner à frente da Prefeitura de Curitiba e do Governo do Paraná, das quais Masaru fez parte, nas décadas de 70, 80 e 90. Além do famoso BRT, modelo de transporte urbano copiado em diversas cidades e países, o arquiteto e urbanista falou sobre os parques de contenção de enchentes. Segundo ele, Curitiba foi a primeira cidade brasileira a construir um parque com lago, em vez de canalizar a água para rios.
Masaru discorreu também sobre o processo de formação das cidades brasileiras, com os loteamentos distantes do centro e os vazios urbanos, atendendo aos interesses da especulação imobiliária. Ele contou que Lerner utilizou diversos instrumentos para resolver os vazios urbanos de Curitiba, como IPTU progressivo, outorga onerosa do direito de construir, direito de preempção e transferência do direito de construir.
Atualmente, Masaru, à frente do Instituto de Planejamento Urbano de Palmas desde 2011, tem se empenhado em implantar os mesmos projetos na jovem capital tocantinense. De acordo com ele, os projetos estão sendo organizados para uma cidade de 1,2 milhões de habitantes, embora hoje conte com apenas 250 mil. Um dos exemplos é um loteamento do Minha Casa, Minha Vida que, segundo ele, será o primeiro a ser edificado no eixo do transporte público. “Estamos pensando em Palmas daqui a 40 anos. A qualidade de vida urbana só é ruim, quando se tem um mau planejamento, ou quando não houve planejamento, o que irá gerar serviços públicos ruins. Um bom planejamento deve contemplar as questões ambientais, as mudanças climáticas, o desenvolvimento econômico e social, a competitividade, a segurança, as questões fiscais e de governabilidade”, resumiu.