Criar sombras, utilizar vegetação, refletir a cultura do lugar e utilizar materiais locais são citados por George Lins como diretrizes do escritório Lins Arquitetos.“É muito importante que a gente tenha consciência de que quando a gente faz arquitetura, a gente faz arquitetura para as pessoas.”
George destaca a importância do paisagismo e da sombra proveniente da vegetação e inserida no projeto.“A sombra é algo necessário, algo primordial. Talvez seja a maior riqueza e a maior qualidade em um projeto arquitetônico”, afirma o palestrante.
Na 21ª Aula Magna do CAU/GO, realizada na terça-feira, 12, no Teatro Unip, o palestrante abordou sobre as experiências vivenciadas no cotidiano do escritório Lins Arquitetos. Estudantes, professores e profissionais de Goiás puderam compreender um pouco mais sobre do que se trata a Arquitetura Bioclimática.
Entre os destaques da apresentação, está o uso do cobogó como uma segunda pele, uma cápsula protetora, capaz de transformar totalmente um ambiente e seu clima.
>>> O evento foi transmitido pelo canal do CAU/GO no Youtube, clique aqui para assistir!
Na abertura do evento, o presidente do CAU/GO, Fernando Chapadeiro, ressaltou a importância das reuniões e debates entre as coordenações das universidades, principalmente nas escolhas de temas e palestrantes das edições das Aulas Magnas.
Fernando Chapadeiro também abordou sobre as formas de aproximação entre estudantes e o Conselho, citando as ações do Conselho voltadas para os estudantes, como as próprias aulas magnas, palestras periódicas sobre legislação e ética, Prêmio TCC, entre outros.
Com uma aula de quase duas horas e a plateia atenta, George Lins iniciou sua apresentação contando sobre o início do Lins Arquitetos. Pioneiro na cidade de Juazeiro do Norte, no interior do Ceará, o escritório também enfrenta o mesmo desafio que seus clientes, o clima quente.
No canteiro de obra, George afirma que com a utilização do material que está à disposição na região e contratando uma mão de obra local que entende como trabalhar com esse material, é realizada uma solução para outro desafio de se fazer arquitetura no sertão, a ausência de recursos e tecnologia.
“Há uma certa escassez de recursos e de tecnologia na obra. A gente sempre procura propor soluções que as pessoas de lá possam executar e que os materiais de lá possam dar corpo às estruturas”
Ele também ressalta a necessidade da presença do arquiteto e urbanista no canteiro. “Muitas soluções são tomadas dentro do canteiro de obras. A gente conversa muito com os pedreiros, carpinteiros, com o mestre de obra. Através dessa troca, dessa conversa com os profissionais, a gente consegue desenvolver um projeto e uma obra cada vez melhor. É muito importante que a gente tenha esse intercâmbio com eles”
Com diversos projetos, entre eles três edifícios do Campus da Unileão, em Juazeiro do Norte, a Academia Escola, o Núcleo de Prática Jurídica e o Juizado Especial Cível e Criminal, George exemplificou soluções com elementos de proteção solar. Resolvendo o grande desafio de lidar com a forte incidência solar, através de uma câmara de ar, sendo utilizada ao mesmo tempo como jardim e circulação.
“A gente cria um prédio totalmente envidraçado, e por fora a gente envelopa esse edifício com uma camada de tijolo maciço, filtrando o sol e diminuindo a carga térmica. O jardim fornece o resfriamento evaporativo, com isso consegue manter o microclima no local, trazendo umidade e regulando a temperatura.”
Além de filtrar a luz do sertão, seja com tijolos maciços ou cobogós fabricados nos próprios canteiros de obras, os projetos também realizam jogos de sombra, redirecionando a luz natural no decorrer do dia, fazendo com que as luzes artificiais seja muitas das vezes desnecessárias, gerando economias.
Do interior do Ceará para todo o Brasil, o escritório Lins consegue expressar e transmitir, através de seus projetos com uma arquitetura livre e espontânea, a cultura de onde emergiu.
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