Notícias CAU/GO

Arquitetura Social: Confira 10 dicas para começar a empreender na área

A Arquitetura Social é um mercado a ser explorado no Brasil. Segundo a pesquisa CAU/BR-Datafolha, apenas 7% das famílias brasileiras já utilizaram serviços de um arquiteto e urbanista e outros 70% diz contrataria um profissional da área.

A maioria desses 7% é composta por pessoas das classes A e B. As famílias das classes C, D e E são a maioria da população brasileira, mas ainda representam apenas uma pequena fatia entre os contratantes de arquitetos e urbanistas. O mercado existe e o potencial é grande: a pesquisa CAU/BR-Datafolha revelou que 70% dos brasileiros nunca contrataram, mas contratariam um profissional da área.

A segmentação de um escritório de Arquitetura e Urbanismo para a população de menor renda envolve a atuação em moradias populares e habitações de interesse social. Esses nichos estão inseridos no campo de trabalho conhecido como Arquitetura Social. O CAU/BR selecionou dicas de profissionais e empresas do setor para o arquiteto e urbanista que pretende investir na área. Confira:

1. Focar no mercado de reformas
O déficit habitacional do Brasil é de 7,7 milhões de moradias, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Enquanto isso, 14,7 milhões de residências construídas têm graves inadequações e necessidade de reformas – mais que o dobro. Como pelo menos 60% da produção habitacional é informal, há muito o que ser adequado e acabado, defende a ONG Soluções Urbanas. Enquanto o Governo Federal investe mais fortemente na construção de novas moradias (R$ 243 bilhões destinados ao Minha Casa, Minha Vida entre 2009 e 2015), a adequação e a reforma das existentes ficam em segundo plano (R$ 39 bilhões destinadas a programas de melhoria habitacional do PAC entre 2007 e 2015, incluindo infraestrutura, saneamento e melhorias residenciais). É um mercado aberto à iniciativa privada.

2. Investir na população das classes C, D e E
Cerca de 85% dos cidadãos brasileiros estão enquadrados nas classes C, D e E, segundo o IBGE. A relevância econômica dessa fatia de mercado é crescente, segundo o Programa Vivenda: são responsáveis por 68% das compras de varejo de materiais de construção, 69% dos cartões de crédito e representam 75% do total de pessoas que acessam a internet no país. É uma fatia de mercado crescente a ser explorada pelos profissionais de arquitetura e urbanismo.

3. Fazer marketing local
Segundo a Comissão de Política Profissional do CAU/BR, grande parte da sociedade não sabe da real importância do arquiteto e urbanista e associa o trabalho do profissional ao caro e ao supérfluo. A atuação do profissional em campo em áreas de menor renda média e junto a associações locais ajuda o arquiteto e urbanista a desmitificar e demonstrar como seu trabalho pode efetivamente contribuir para a melhoria da vida dos potenciais clientes. É preciso estudar e conhecer o mercado em que a empresa pretende atuar. Em seguida, é preciso fazer com que os potenciais clientes também conheçam o escritório e seus arquitetos e urbanistas.

4. Abranger do projeto à finalização da obra
Para oferecer um serviço de Arquitetura Social de qualidade e com viabilidade econômica, o mercado demanda que a empresa faça não apenas o projeto, mas gerencie todas as etapas – planejamento, material, mão de obra e financiamento. É preciso facilitar a vida do cliente para tornar o serviço atrativo.

5. Oferecer condições de parcelamento
A possibilidade de financiamento do projeto e da obra deve ser viabilizado pela empresa junto aos bancos. O Programa Vivenda, por exemplo, financia projetos com custo médio de R$ 5.000 em até 30 vezes, com parcelas mínimas de R$ 100, dependendo do perfil da família atendida.

6. Comprar materiais diretamente dos fabricantes
Uma dica é desenvolver mecanismos para comprar mais barato direto da indústria e utilizar a loja de materiais de construção local apenas como operador de armazenagem e entrega, diminuindo o custo final para o cliente. Para isso, é preciso um acordo de médio ou longo prazo ou a compra conjunta de material.

7. Qualificar mão de obra local
Para a ONG Soluções Urbanas, as empresas ganham ao selecionar e treinar profissionais que atendam de modo mais direto os moradores do próprio local. Isso diminui os custos e aumenta a eficiência das contratações.

8. Viabilizar metodologias de troca e mutirões
A atuação da empresa de Arquitetura e Urbanismo junto a entidades ou grupos de moradores possibilita a adoção de meios alternativos de mão de obra. É possível viabilizar mutirões e mecanismos de troca, em que serviços do próprio morador são oferecidos pelo trabalho dos pedreiros e auxiliares da obra.

9. Buscar parcerias
Além dos recursos do próprio contratante ou beneficiário, empresas de cunho social e ONGs de Arquitetura Social podem arrecadar recursos com apoio de institutos privados e outras empresas, realizar parcerias para projetos específicos, firmar convênios com o Poder Público, se associar a universidades e centros de pesquisa, conseguir apoio de agências de fomento, arrecadar dinheiro via financiamento coletivo e editais para assistência técnica para habitação de interesse social. Para os arquitetos e urbanistas do Adote uma Casa, esse tipo de convênio é essencial.

10. Elaborar um plano de negócios focado em Arquitetura Social
É importante a visão do administrador antes de abrir um negócio para avaliar a viabilidade econômica e comercial do empreendimento. De acordo com o Sebraetec, 82% das empresas que receberam consultoria afirmam reduzir desperdício e 77% reduzir custos. Além disso, 90% afirmam ter melhorado a qualidade dos serviços oferecidos e 45% passaram a oferecer outros serviços com sucesso.

SÉRIE ESPECIAL DE REPORTAGENS

Esta reportagem faz parte de uma série especial do CAU/BR e dos CAU/UF que está mostrando o trabalho de arquitetos e urbanistas que, superando orçamentos reduzidos e unificando diferentes opiniões, conseguiram desenvolver moradias dignas e de qualidade para as famílias de baixa renda.

Você atua em projetos de habitação social? Envie um e-mail para habitacaosocial@caubr.gov.br falando sobre o seu trabalho na área. Não se esqueça de inserir os autores dos projetos, contatos das pessoas envolvidas (arquitetos, autoridades e beneficiários), com um breve descritivo do projeto e até três fotos/ilustrações. Se sua história for selecionada, o CAU entrará em contato para produzir uma reportagem especial sobre os projetos.

SAIBA MAIS

Centro de SP tem exemplos de recuperação de áreas como saída para falta de moradia
Entrevista: Clóvis Ilgenfritz, pioneiro na Arquitetura de Habitação Social no Brasil
Escritório Público de Salvador já entregou 5 mil projetos
Antiga fábrica em Curitiba abriga casas de famílias carentes
Projeto de habitação popular no coração de Porto Alegre
Iniciativa mantém 10 postos de assistência técnica na periferia de Brasília
Em Diadema, Casas Cubo são solução para abrigar famílias excluídas de reurbanização
Assistência Técnica: Vereadora Marielle Franco apresentou projeto de lei sobre o tema
Arquitetura Social: CAU/BR e CAU/UF destacam projetos inovadores

Por CAU/BR

OUTRAS NOTÍCIAS

No Dia do Servidor Público, CAU/GO homenageia colaboradores que completaram 10 anos de serviço

Conselho participa da Construtec – Feira de Tecnologias da Construção, de 6 a 8/11

Confira o funcionamento do CAU/GO no feriado do aniversário de Goiânia