O CAU/GO encaminhou à 15ª Promotoria de Justiça de Goiânia nesta quinta, 12, pedido de providências quanto à depredação da edificação que foi a primeira sede das Centrais Elétricas de Goiás (Celg), na avenida Anhanguera, que chamou atenção nas últimas semanas.
Exemplar da arquitetura moderna na capital, o prédio está sob proteção, devido a um pedido de tombamento, que foi feito pela Secretaria de Cultura de Goiás ao Conselho Estadual de Cultura em junho de 2019. Sendo assim, a casa está protegida sob o status de pré-tombamento e, por isso, deveria estar devidamente resguardada por seus proprietários.
No documento, o Conselho manifesta sua oposição à remoção do painel do artista Frei Confaloni, também vandalizado, por constituir parte integrante do conjunto arquitetônico em questão. Confaloni faz parte do DNA da história de Goiás e sua trajetória está registrada em patrimônios como a Estação Ferroviária e na história do primeiro curso de Arquitetura e Urbanismo de Goiás – a Escola de Artes e Arquitetura da PUC Goiás originou-se da Escola de Belas Artes, cofundada por Confaloni.
De acordo com parecer do arquiteto e urbanista Lucas Jordano, encomendado pela Secult no ano passado, a relevância do edifício para o patrimônio histórico e artístico do Estado aponta para sua proteção legal. Um de seus argumentos é o papel pioneiro do prédio no modernismo goiano da década de 1950. “A antiga sede da Celg não apenas se antecipa cronologicamente no modernismo institucional goianiense, como também apresenta, na década de 1950, o espaço interno mais expressivo” – na comparação com outros exemplares arquitetônicos do período, como a Igreja São Judas Tadeu, no setor Coimbra.
De acordo com informações da Secult, atuaram na construção do imóvel profissionais pioneiros na história de Goiás, como o engenheiro Oton Nascimento, a quem é atribuída a autoria do projeto arquitetônico e de engenharia civil; e Gustav Ritter, que teria sido responsável pelo projeto paisagístico. “O prédio possui ainda características típicas do estilo modernista, como o uso de cobogós, painéis de vidro, ambientes internos e externos integrados e escada em destaque”, disse um comunicado da pasta.
Outro argumento de Lucas Jordano, que é professor na Universidade Federal de Goiás (UFG), trata da “representatividade local” do prédio “diante das produções de vanguarda nacionais e internacionais”. “Duas características do imóvel em questão que se vinculam ao centro polarizador das vanguardas nacionais daquele período, o Rio de Janeiro, são o culto à horizontalidade e as janelas e vidraças protegidas por um véu de elementos vazados”, escreve em seu documento.
“Apesar das limitações financeiras, tecnológicas e de mão de obra especializada, a sede da Celg é uma vitória da engenharia e da arquitetura da década de 1950”, relata o arquiteto.
Vendido após a privatização da Celg, o edifício, segundo a Secult, pertence atualmente a quatro empresas: Construtora e Incorporadora Santa Teresa, Construtora e Incorporadora Merzian, Oliveira Melo Engenharia e Construção e Linknet Tecnologia e Telecomunicações. Até 2018, o espaço era ocupado pela antiga Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Esporte de Goiás (Seduce), que passou a funcionar em sede própria.
Saiba mais
Manifestação à 15ª Promotoria de Justiça de Goiânia – Cível e Criminal – Meio Ambiente e Urbanismo
Parecer para dossiê de tombamento do edifício construído para sede da Celg
ESCADA E PAINEL NO SAGUÃO DE ENTRADA
Antes:
Depois:
FACHADA FRONTAL
Antes:
Depois:
FACHADA POSTERIOR
Antes:
Depois: