O Conjunto Arquitetônico da Pampulha, um dos cartões-postais mais representativos de Belo Horizonte, é Patrimônio Cultural da Humanidade, conforme decisão tomada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) considerou neste domingo (17/07/16), em reunião realizada na Turquia.
Agora são 20 os patrimônios mundiais da humanidade tombados pela Unesco no Brasil. Veja a lista completa clicando aqui.
O conjunto da Pampulha abrange quatro prédios de estilo modernista, ao redor da Lagoa da Pampulha, projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em 1943, concretizando ideia do então prefeito Juscelino Kubitscheck. “A Pampulha foi o início de Brasília, “A Pampulha foi o início de Brasília, os mesmos problemas, a mesma correria, o mesmo entusiasmo, e seu êxito influiu, com certeza, na determinação com que JK construiu a nova Capital”, disse Oscar Niemeyer, morto em 2012.
O fato de ser um dos primeiros conjuntos modernistas do mundo conta muito na escolha. “É a primeira expressão de Niemeyer, então com pouco mais de 30 anos. Ele usou com flexibilidade o concreto armado. Criou curvas e formas ousadas que impactaram a arquitetura mundial”, disse o presidente do Icomos no Brasil, Leonardo Castriota. O órgão é uma entidade da Unesco que analisa candidaturas a Patrimônio Mundial da Humanidade.
As obras foram concebidas para fins distintos. A obra-prima do conjunto é a Igreja de São Francisco de Assis, onde Niemeyer ousou utilizar o concreto armado em formas inusitadas para a época. Seu interior destaca-se pelos quatorze painéis que retratam a Via Sacra, por sua vez considerados a obra-prima de Cândido Portinari. A parte externa é marcada por jardins de Burle Marx e mosaicos nas fachadas laterais. A igreja católica, não apreciou inicialmente o aspecto inovador do projeto, e somente reconheceu o edifício como igreja em 1954, ou seja, onze anos depois de sua construção. A igrejinha da Pampulha, como é conhecida, já foi tombada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Outro destaque é o Cassino também conhecido por Palácio de Cristal, por causa de seus vidros espelhados. Os jardins que circundam o prédio foram feitos pelo paisagista Roberto Burle Marx e incorporam estátuas de Alfredo Ceschiatti, August Zamoiski e José Pedrosa. Inaugurado em 1943, o cassino fechou em 1946, quando o jogo foi proibido no país. A partir de 1957, ele passou a abrigar o Museu de Arte da Pampulha (MAP), que conta hoje com um acervo de 1,4 mil obras.
As outras edificações são a Casa de Baile e o Iate Tênis Clube. A Casa do Baile se localiza em uma ilhota artificial, acessada por uma ponte de onze metros. Se destaca pelas formas da fachada e marquise sinuosa. Construído com o nome de Iate Golfe Clube, e tombado em 1994 pelo Iphan, a arquitetura do Iate Tênis Clube (ITC) remete a um barco que se lança nas águas da Pampulha. Os jardins são de Burle Marx.
Além das quatro obras de Oscar Niemeyer, a própria Unesco sugeriu que o patrimônio a ser preservado alcançasse uma área maior, privilegiando a paisagem como um todo. Por causa disso, além da apresentação de projeto de limpeza da Lagoa da Pampulha, o Icomos recomendou a inclusão das praças Dalva Simão e Dino Barbieri ao projeto, aumento da extensão do perímetro e a recuperação de trechos do paisagismo de Burle Marx presentes no projeto dos anos 40. Também um anexo do Tênis Clube, da década de 1970, deverá ser demolido.