Arquitetos e urbanistas brasileiros poderão ampliar suas fronteiras com a assinatura de novos memorandos de entendimento e manifestações de intenção entre o CAU Brasil e organizações de arquitetos de países da América, África e Europa. Os acordos foram estabelecidos durante o II Fórum Internacional de Conselhos, Ordens e Entidades de Arquitetura e Urbanismo do CAU Brasil, realizado entre 21 e 23 de julho, com o tema: “Mobilidade Profissional Internacional, da formação ao exercício profissional”.
Como resultado do encontro, será divulgada em breve a “Carta de Brasília”, documento que convoca uma ação conjunta global em prol do desenvolvimento sustentável e o comprometimento com uma agenda positiva na formação e na prática profissional internacional.
“Será muito importante aos arquitetos do país a possibilidade de novos mercados de trabalho que podem se abrir, a partir de acordos bilaterais entre países de língua portuguesa e no Mercosul”, afirmou o conselheiro federal por Goiás, Nilton Lima, que acompanhou o evento em Brasília. “Trata-se de mercados competitivos e ricos do ponto de vista de desenvolvimento econômico cultural e social e que podem enriquecer a qualidade de nossa Arquitetura através da troca e convívio profissional robusto entre culturas e sociedades.”
Avanços
No final de diversas mesas de negociações, palestras, trocas de experiências e atividades conjuntas, o CAU Brasil conseguiu avançar na construção de futuros acordos de mobilidade profissional de arquitetos. De acordo com o coordenador da Comissão de Relações Institucionais do CAU Brasil, Jeferson Navolar, esses avanços foram possibilitados por dois acordos feitos entre os governos dos países do Mercosul e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“Demos início a reuniões preparatórias para que pudéssemos saber o quanto as entidades de arquitetos estavam dispostas a começar o debate da efetivação dos registros. Fizemos essa consulta prévia à maioria dos países que compõem os blocos, daí a convocatória para este II Fórum Internacional”, afirmou Jeferson. “Estendemos esse convite a muitos outros países, com essa possibilidade de abrir mercados para além do Mercosul e dos países lusófonos.”
No II Fórum Internacional de Conselhos, Ordens e Entidades de Arquitetura e Urbanismo, o CAU Brasil assinou memorandos de entendimento e manifestações de intenção com as seguintes entidades internacionais:
Memorandos de entendimento:
- Ordem dos Arquitectos de Portugal (OA-PT)
- Ordem Nacional dos Arquitectos de Guiné-Bissau
Cartas de intenção:
- Conferência das Ordens de Arquitetos dos Estados-Membros da União Econômica e Monetária do Oeste Africano (COA-UEMOA)
- Federación De Colegios De Arquitectos De La República Mexicana (FCARM)
- Regional de Arquitectos del Grupo Andino (RAGA)
- Conselho Profissional Nacional De Arquitetura E Suas Profissões Auxiliares Da Colômbia (CNPAA)
Mobilidade profissional
Os acordos estabelecem bases e regras para a criação de acordos efetivos de reciprocidade e mobilidade de arquitetos entre os países. Segundo o conselheiro do CAU Brasil Jeferson Navolar, são esses acordos bilaterais entre as instituições que garantem que arquitetos de um país possam oferecer seus serviços em outro.
Presente ao evento, o presidente da União Internacional de Arquitetos, José Luis Cortés, ressaltou a importância da cooperação internacional entre os arquitetos. “Servimos para criar unidade e construir um mundo melhor. Temos demonstrando, desde a criação da UIA, que estando unidos e lutando junto. Estamos devolvendo à sociedade tudo o que recebemos. Temos que apoiar nossas organizações nacionais, e a UIA agradece todo o apoio que recebe do CAU e do IAB”, afirmou.
O presidente da Federação Pan-Americana de Arquitetos (FPAA), Gerardo Montaruli, reafirmou a importância das organizações profissionais. “As discussões conjuntas se transformam em políticas plurais. A maneira de nós arquitetos nos mobilizarmos são as instituições profissionais, por meio da ação coletiva”, disse. Diretor da Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo, Lucas Brito defendeu a inclusão dos futuros profissionais nos debates. “Queria expressar a necessidade da presença dos estudantes nesses espaços, para falar sobre o futuro da nossa profissão”.
Carta de Brasília
Ao final do evento, foi apresentada a minuta da “Carta de Brasília”, cuja redação final será divulgada em breve, após revisão e referendo das plenárias das instituições participantes. A minuta ressalta a importância de uma ação conjunta global em prol do desenvolvimento sustentável e o comprometimento dos participantes com uma agenda positiva na formação e na prática profissional internacional. Essa agenda, se aprovada a minuta, terá três eixos:
1.A incorporação nas políticas públicas de nossos países, em todas as suas esferas, de mecanismos para a promoção da excelência arquitetônica e urbanística como um bem de interesse geral da sociedade;
2. O reconhecimento das (os) profissionais de arquitetura e urbanismo como atores (as) fundamentais na gestão do território – espaços naturais e construídos – para o desenvolvimento das comunidades; e
3. A busca de consenso sobre o impacto das mudanças climáticas e a compreensão de que estamos defasados na proteção de nossos ecossistemas e paisagens culturais.
Para que esses objetivos sejam alcançados, a minuta propõe uma maior aproximação entre os reguladores da profissão em todo mundo, em especial na América Latina e países de língua portuguesa; adotar como vetor de aprimoramento da profissão as transformações digitais e promover a diversidade e equidade em todas as instâncias da profissão.
Fonte: CAU Brasil