Teve bate-papo na Praça Cívica, aula no Museu Pedro Ludovico, compartilhamento de experiências com o Distrito Federal e o Tocantins e, acima de tudo, o encontro com a realidade nua e crua da forma como as cidades são construídas no Brasil, expulsando (muitas vezes com violência) pessoas para suas periferias. Assim foi o seminário regional das Comissões de Política Urbana e Ambiental do Centro-Oeste junto à CPUA/BR, que aconteceu nos dias 1º e 2 de outubro em Goiânia.
Na manhã do dia 1º, foi realizado o encontro mensal da CPUA/BR, na sede do CAU/GO, com o objetivo de debater medidas e projetos que estão em andamento ou em fase de planejamento – como o CAU Educa, que trata de uma proposta de educação urbanística destinada a crianças. Ou ainda o portal de análise de leis do CAU/BR, para que os novos projetos legislativos possam ser analisados mais amplamente pelos conselheiros. A reunião também abordou o CPUA Itinerante, que viaja por cada região do país, a fim de propor ações para solucionar questões locais. À tarde, o seminário regional das CPUAs contou com a participação do vice-presidente do CAU/TO, Luís Hildebrando, e a conselheira do CAU/DF Letícia Teixeira. A presidente do CAU/PR, Margareth Ziolla Menezes, prestigiou o evento.
No dia 2, a primeira parte do evento foi na Praça Cívica, onde a arquiteta e urbanista Anamaria Diniz exibiu representações do primeiro plano urbanístico da cidade, feito por Attilio Corrêa Lima, em 1935, e comentou sobre as mudanças ocorridas na cidade desde então. “O encontro na Praça Cívica é muito simbólico”, explicou a conselheira do CAU/GO Maria Ester de Souza, “por causa das transformações por que ela passará com o BRT”. A arquiteta é coordenadora da CPUA/GO.
Também participou da programação a vereadora Cristina Lopes, relatora do Plano Diretor na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Municipal. A parlamentar destacou como os reflexos da grande valorização do carro impactam sobre os espaços da cidade. “Existe uma grande pressão para que a Praça Cívica volte a ser um estacionamento”, disse.
Já no Museu Pedro Ludovico Teixeira, Anamaria Diniz ministrou a palestra Goiânia de Attilio. Segundo a pesquisadora, quando os irmãos Coimbra Bueno assumiram o projeto de Goiânia, em 1936, muitas ideias iniciais foram alteradas. “Percebemos uma distância muito grande entre o que foi idealizado e o que foi construído”, afirma a arquiteta, analisando as obras que estão sendo realizadas na Capital.
À tarde, no espaço para eventos do hotel Oitis, a conselheira Maria Ester de Souza fez uma palestra sobre o histórico do planejamento urbano em Goiânia, desde o plano de Jorge Wilheim, de 1968. “85 anos depois, Goiânia tem os mesmos problemas de uma cidade que não tem plano diretor”, afirmou.
O evento contou com a participação de Eronilde Nascimento, moradora do Real Conquista, bairro criado para abrigar as mais de 900 famílias retiradas da ocupação no Parque Oeste Industrial, em 2005. Segundo Eronilde, seu companheiro foi morto durante uma das ações policiais que promoveram a desocupação, feitas oito meses depois da chegada dos primeiros sem teto ao local.