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Dia mundial da Arquitetura lança chamado internacional por comunidades resilientes

Muro de contenção será construído para proteger residências onde moram cerca de 200 famílias, em Franco da Rocha/SP. Projeto de Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social conta com patrocínio de edital do CAU Brasil

“Arquitetura para Comunidades Resilientes” é o tema do Dia Mundial da Arquitetura 2023. A data celebrada nesta segunda-feira, 2 de outubro, é um chamado global à responsabilidade da arquitetura na criação de uma vida comunitária viável. O tema escolhido pela União Internacional dos Arquitetos (UIA) está alinhado com o Dia Mundial do Habitat de 2023 que evoca “Economias urbanas resilientes: as cidades como motores do crescimento e da recuperação”.

A presidente Nadia Somekh lembrou a importância dos arquitetos e urbanistas diante deste contexto, considerando que o país tem 25 milhões de moradias precárias. “No Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, trabalhamos para proteger a sociedade. Quase 1/4 das moradias do país necessitam do apoio da nossa profissão. Salve o nosso ofício, salve a arquitetura do mundo inteiro”, declarou.

Desde 2017, o CAU/GO já apoiou 12 projetos de Assistência Técnica em Habitação Social via edital de patrocínio, somando R$ 345 mil até 2023. Neste ano, o Conselho apoia três projetos (saiba mais). No mesmo sentido de promover o tema entre os profissionais de Arquitetura e Urbanismo, assim como entre gestores públicos e outros setores da sociedade, em junho deste ano o CAU/GO realizou um seminário de Habitação Social, em Goiânia (saiba mais).

Empoderar as comunidades para enfrentar os impactos gerados por eventos climáticos está no radar da atual gestão do CAU Brasil.  Desde 2021, está em realização o Programa Mais Arquitetos, cruzada nacional por moradia digna com valorização profissional. “Com o “Mais Arquitetos”, queremos beneficiar a Assistência Técnica de Habitação de Interesse Social e manter a resiliência das nossas cidades, das nossas comunidades”, explicou a presidente Nadia Somekh.

DATA GLOBAL
A cada ano desde 1985, a UIA elege um tema emergente para marcar nesta data, que ocorre na primeira segunda-feira de outubro, paralelamente ao Dia Mundial do Habitat das Nações Unidas (ONU). Ao defender “Arquitetura para Comunidades Resilientes”, a organização provoca o debate internacional sobre a relação entre áreas urbanas e rurais em todos os países. A expansão urbana descontrolada ameaça o equilíbrio ambiental, social e econômico em todo o mundo. As crises climáticas, a pandemia e as convulsões políticas em muitos países revelaram desigualdades sociais, econômicas e ambientais colocam em risco as comunidades, afetando desproporcionalmente os grupos pobres e marginalizados.

Com a data, a UIA lembra que a arquitetura oferece respostas para os desafios das comunidades ao levar em consideração eficiência e adequação dos instrumentos de planeamento para a organização dos territórios e a produção de espaços adequados do ponto de vista ambiental e social. É um convite para que as Secções Membros fortaleçam a discussão sobre o tema e a incentivarem conceitos e políticas de planejamento territorial e urbano que permitam aos arquitetos o desenvolvimento de soluções inovadoras e projetar edifícios e espaços públicos viáveis ​​para comunidades resilientes, visando humanizar todos tipos de urbanização, respeitar o património cultural e restaurar a relação com a natureza e a biodiversidade.

O vice-presidente da UIA para a Região das Américas, Nivaldo Andrade, lembrou que o assunto foi pauta do Congresso da UIA 2021, que aconteceu no Rio de Janeiro. Segundo Nivaldo, o tema está relacionado com a capacidade da arquitetura de qualificar a vida das pessoas, principalmente daquelas comunidades que lidam com as situações mais delicadas de ameaças decorrentes das mudanças climáticas, do desequilíbrio ambiental, da desigualdade social e econômica que é consequência do crescimento urbano descontrolado. “Nós, arquitetos, temos como desafio justamente lutar para minimizar os impactos e qualificar a vida das pessoas nesses contextos de desigualdades sociais econômicas e de desequilíbrio ambiental e de grandes crises e mudanças climáticas. Se trata, acima de tudo, de promover uma arquitetura comprometida social e ambientalmente”, afirmou.

CIRCUITO URBANO
Paralelamente, a ONU HABITAT promove a edição anual do Circuito Urbano, que em 2023 conta com 235 eventos e a participação de mais de 20 países da América Latina e da África lusófona.

No Brasil, os eventos ocorrem entre os dias 2 e 31 de outubro, nas modalidades presencial, virtual ou híbrida. O tema é “Investindo em futuros urbanos: Cooperação para Resiliência do Sul Global”. ACESSE A PROGRAMAÇÃO COMPLETA

 

ARQUITETURA BRASILEIRA PARA COMUNIDADES RESILIENTES
Em 2022, o CAU lançou o Edital Nº 05/2022 para investir até R$ 1.500.000,00 em projetos de ATHIS voltados à prevenção e mitigação de riscos e ações de recuperação de áreas degradadas por desastres ambientais que assolaram as cidades no território brasileiro nos últimos 5 anos, entre 2018 e 2022.

Os recursos são provenientes do orçamento da autarquia voltados à promoção da Arquitetura e Urbanismo para todos. O CAU/BR e os CAU/UFs destinam, no mínimo, 2% de seus recursos arrecadados anualmente para financiar iniciativas de assistência técnica em habitação de interesse social.

Conheça algumas iniciativas:
A produção de laudos técnicos para fundamentar a regularização fundiária urbana das ocupações Em Busca de um Sonho e Em Busca por Moradia, às margens do Córrego da Água Quente, em São Carlos/SP, é o objetivo do projeto que vem sendo realizado pela Associação Veracidade. A proposta utiliza abordagem sistêmica e participativa para prevenir e mitigar riscos socioambientais em áreas degradadas na Bacia Hidrográfica do Córrego Monjolinho.

O projeto que contempla a ocupação Em Busca de um Sonho está finalizado o parecer jurídico sobre a titulação das famílias. Na ocupação Em Busca de uma Moradia, a equipe tem trabalhado para a proposição de alternativas para a mitigação dos riscos socioambientais diagnosticados. Todo o trabalho vem sendo desenvolvido a partir de oficinas participativas e colaborativas com as comunidades.

 

Comunidade participa do processo de regularização fundiária urbana em São Carlos/SP

O Projeto de Reabilitação Urbana e Ambiental Gogó da Ema, em Itabuna/BA, projeto de extensão da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFBS), é realizado por eixos de Intervenção. O Eixo de Melhorias Urbanísticas possibilitou a conclusão do estudo preliminar do novo sistema viário e elaborou uma maquete física para a compreensão da comunidade.

O Eixo de Melhorias Habitacionais realizou 18 levantamentos cadastrais de moradias para propor as reformas das casas. Na fase atual, estão sendo elaborados os projetos, orçamentos e elaboração de maquetes físicas. Pelo Eixo Saúde e Natureza, estão sendo realizadas atividades de formação e educação ambiental. Também estão sendo realizadas ações envolvendo a comunidade pelos eixos de Juventude, Arte e Cultura e de Memória.

 

O Plano Comunitário de Gestão de Riscos proposto pelo Instituto Pólis procura evitar que Ponta Negra, no Rio de Janeiro, reviva os traumas causados por um evento climático extremo que afetou a comunidade em abril de 2022, quando dois deslizamentos atingiu nove casas fez sete vítimas.

Por meio de oficinas participativas, a equipe técnica e a comunidade identificaram os processos do meio físico de origem climática que são indutores das situações de risco no local e definiram as medidas de alerta, monitoramento climático e as ações de proteção e refúgio dos moradores. O projeto também propôs a adoção de soluções baseadas na natureza (SbN) para ampliar o desenvolvimento local da comunidade.

 

Gestão de Riscos procura evitar novas tragédias em Ponta Negra

Em Franco da Rocha/SP, o Mutirão São Carlos vem promovendo parcerias institucionais para promoção de ATHIS em uma área pública ocupada há mais de 30 anos. Uma das principais ações é a realização de um muro de contenção para proteção das cerca de 200 famílias que vivem no local.

A estrutura utiliza a tecnologia logblock que conta com blocos de concreto de alta performance que contemplam também o ordenamento pluvial e permitem a instalação pela própria comunidade. Até o momento, o Instituto Soma, responsável pela parceria, já executou o diagnóstico multidisciplinar, sondagem, planejamento do canteiro de obras e quantificação de materiais.

CONHEÇA TODOS OS PROJETOS QUE CONTAM COM PATROCÍNIO DO EDITAL DE ATHIS 2022

Outra ação potente é o Projeto Amazônia 2040, que visa o fortalecimento das comunidades da região amazônica. Desenvolvido pelo CAU Brasil junto com entidades da arquitetura e urbanismo e organizações que pesquisam e atuam na Amazônia, o projeto oportuniza aos arquitetos e urbanistas brasileiros projetarem para o mundo alternativas concretas de enfrentar à crise climática e as desigualdades, garantindo a preservação da floresta em busca de um futuro sustentável.

O arquiteto Ricardo Mascarello, coordenador da Comissão de Política Urbana e Ambiental do CAU Brasil, afirma que “para arquitetarmos as cidades do futuro é preciso enaltecer os benefícios da natureza e torná-la parte da arquitetura para o bem social e ambiental de todo o planeta. Nosso porvir deverá estar impregnado por arquiteturas e tecnologias verdes integradas aos fatores naturais. A arquitetura e o urbanismo tem um poder fantástico transformador para nos aproximarmos harmonicamente dos bens naturais e edificarmos meios mais saudáveis de se viver”.

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