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Start-ups apresentam novos modelos de negócios na construção

Duas iniciativas inovadoras que têm como objetivo mudar o cenário das cidades brasileiras. Uma trabalha com tecnologias digitais e a outra com madeira de reuso. A Urban 3D trabalha para construir prédios de quatro a cinco andares em poucas semanas, com um custo até 80% menor, usando impressoras 3D gigante. Já o Palete Parque produz instalações efêmeras de madeira reaproveitada para fomentar novas formas de utilização do espaço público, como os parklets. Esses dois trabalhos com forte componente social foram apresentados na II Conferência Nacional de Arquitetura e Urbanismo, na mesa-redonda “Economia Criativa”.

A fundadora da Urban 3D, Anielle Guedes, tem apenas 24 anos, mas seu potencial empreendedor já foi reconhecido pelas Nações Unidas e por 36 países onde ela foi convidada a mostrar sua proposta para desenvolver um produto químico que usa impressão 3D para criar em série módulos pré-formatados de concreto, madeira e metal, que vão virar pavimentos, vigas, paredes. “Essa tecnologia tem uma aplicação muito real, é uma ferramenta que traz flexibilidade de design e eficiência ao processo”, afirmou Anielle, que teve a ideia durante um curso nos Estados Unidos promovido Singularuty University, escola de inovação patrocinada pelo Google. “É uma tecnologia fabril. A impressão 3D entra para dar às peças flexibilidade de design”.

Segundo ela, a empresa já consegue produzir, em projeto-piloto, uma moradia de concreto por R$ 45 mil reais, com 42m² de área e diversos tipos de layout. Com a produção em larga escala, o custo deve cair em 80%. Hoje as placas pré-moldadas têm medida de um metro quadrado, a ideia é produzir placas de 13mx4m. Ela destaca que a tecnologia não prescinde de um projeto, mas que ele precisa ser elaborado em BIM. “No processo industrial, cada peça receberá um chip, para que você ver o prédio sendo erguido em tempo real no BIM”, afirma Anielle, que imagina usar a tecnologia na reconstrução de favelas. “Falta de habitação e infraestrutura traz muitos prejuízos. Morei na favela para pesquisar o mercado. Com ambiente úmido, eu desenvolvi pneumonia, comum nas crianças”.

Imagem do braço robótico, uma das estruturas da fábrica de concreto da Urban 3D (Divulgação)

Um novo tipo de urbanismo
No caso do Palete Parque, trata-se de um grupo de arquitetos do Espírito Santo que começou a realizar projetos de parklets e hoje já se faz presente em comunidades locais criando espaços públicos de trabalho e lazer. “Vimos a possibilidade de trabalhar como urbanistas. Nós não somos políticos, mas percebemos que precisávamos atuar com micropolítica, bater na porta da Prefeitura, divulgar para a sociedade qual era o objetivo daquele mobiliário simples e efêmero. Não é botar parklet na rua, é promover um novo tipo de urbanismo”, afirma a arquiteta Priscila Ceolin. Além de vários parklets para eventos, o Palete Parque já construiu um Espaço Público de Lazer no Oásis São Benedito, um Espaço com Conforto e Higiene para Alimentação na Associação Banco Regional Ambiental Solidário (que trabalha com catadores de lixo) e o Mirante Farol de São Benedito.

O projeto começou com um interesse do grupo por marcenaria. “Queria ter mais contato com o fazer, na faculdade nossa formação é muito teórica. O arquiteto se afastou imensamente da obra”, diz Priscila. O primeiro projeto foi um parklet de madeira encomendado pelo CAU/ES. “Transformamos a Casa do Arquiteto em uma marcenaria, instalamos o equipamento na rua, ocupando duas vagas de carro”, conta. Depois vieram propostas comerciais e nasceu o Palete Park, fazendo arquitetura efêmera para eventos. “Com a aceitação do mercado, vimos que podíamos dar retorno criando espaços públicos para as comunidades”.

Priscila destaca que a madeira de reuso se deteriora rápido, mas isso é uma vantagem, porque permite experimentar. “É um material muito econômico. Na hora de buscar investimentos maiores, a comunidade já sabe o que ela quer”, afirma. Ela acredita que seu trabalho tem mudado a forma como a população enxerga os arquitetos e urbanistas. “Existe um desconhecimento da serventia do arquiteto. Todo mundo olha pro arquiteto como alguém que faz simplesmente estética, Num lugar que falta tudo, estética não tem necessidade, na cabeça delas elas não precisam de um arquiteto. Nos buscamos promover o diálogo social”.

Anielle destacou que no Brasil faltam incentivos para projetos inovadores. Ela sugeriu que os CAU/UF criem ambientes de testes para arquitetos-empreendedores, para prototipagem, desenvolvimento e aprovação de tecnologias. “No Brasil, tem pouca gente interessada em financiar tecnologia, muito menos tecnologia de interesse social”, disse. “Sempre me perguntam quando tal tecnologia vai chegar ao Brasil. Gente, vamos fazer tecnologia, não esperar que as naus de Cabral tragam de fora”.

Fonte: CAU/BR

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