O Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU/GO) lamenta o falecimento do arquiteto e urbanista Antonio Lúcio Ferrari, na madrugada deste domingo, dia 6. Aos amigos, familiares, alunos e colegas de trabalho, o CAU/GO expressa sua solidariedade.
Antônio Lúcio foi pioneiro no corpo docente do primeiro curso de Arquitetura e Urbanismo do Estado, na então Universidade Católica de Goiás, hoje PUC. Foi também autor de dezenas de projetos de edificações institucionais e residenciais, tanto casas quanto prédios, e responsável por parte significativa da paisagem da capital goiana.
“Para nós, fica o grande legado do mestre, professor e amigo”, afirmou o presidente do Conselho, Fernando Chapadeiro. “Sua história mistura-se com a do ensino de Arquitetura e Urbanismo em Goiás e com o próprio exercício da profissão no nosso Estado.”
Para a arquiteta e urbanista Lana Jubé, professora da PUC Goiás, Antônio Lúcio foi um mestre não só pelo que ensinou, “mas principalmente por como exerceu a profissão e por sua postura frente à vida e às pessoas”. “Muito triste essa notícia, que nos pega completamente despreparados”, disse.
“O professor Antônio Lúcio marcou minha formação com sua visão de uma arquitetura flexível, racional e de qualidade”, afirmou a arquiteta e urbanista Christine Mahler, professora da UFG. “Seus projetos revelam criatividade, visão atualizada de mundo, implantação cuidadosa. Trouxe para Goiânia seus valores, influenciou várias gerações de alunos e arquitetos com sua simplicidade e objetividade.”
Ronaldo Paixão, arquiteto e urbanista que fez sua dissertação de mestrado pela UFG sobre a trajetória de Antônio Lúcio, escreveu em seu Instagram: “Hoje é um dia triste.
Mas é um dia também de celebrar um legado de quem nunca teve dúvidas que a vida pode ser melhor se for sonhada. Pois aprendi com ele que por meio do sonho vislumbramos construir o melhor pra nós.”
Também em suas redes sociais, o arquiteto e urbanista José Renato Silva fez sua homenagem. “Sempre um carisma, um olhar atento, um livro nas mãos. E na cabeça, uma história pra contar. E quanta história mistura esse homem com o ensino, com a arqutietura, com a história da nossa cidade”. A arquiteta e urbanista Ana Paula Costa, por sua vez, escreveu: “O professor Antônio Lúcio sempre será o mestre genial que, generosamente, acolhia os alunos e os colegas nas salas e corredores da PUC! (…) Ele se eterniza em nossas lembranças, que manterão vivo seu legado de dedicação e amor à Arquitetura e Urbanismo, ao Ensino e ao Ser Humano.”
Histórico
Nascido em 1939 no município de Ponte Nova (MG), Antônio Lúcio graduou-se em Arquitetura e Urbanismo pela UFMG, em 1963. Veio para Goiânia em 1967, onde assumiu vaga na Superintendência das Obras do Plano de Desenvolvimento (Suplan).
De acordo com a dissertação “Caminhos de uma arquitetura: obra e trajetória de Antônio Lúcio Ferrari Pinheiro”, de Ronaldo Paixão, a Suplan foi o ponto de partida para o arquiteto se estabelecer na capital. “Desde sua chegada suas atividades e produção foram muito diversificadas: iniciou a carreira docente, contribuiu nas principais empresas de construção civil e estabeleceu seu escritório, onde pôde desenvolver projetos para diversos clientes na cidade e na região.”
Figuram entre suas inúmeras obras a Igreja São José, o edifício Itaipu, o Colégio Estadual Costa e Silva e a sede do Sindicato dos Professores de Goiás.
Em 1968, Antônio Lúcio integrou o corpo docente e fundador do curso de Arquitetura da Universidade Católica de Goiás (atual PUC Goiás) – a primeira do Estado – onde ainda lecionava. Nos anos 1970, também fez projetos de empreendimentos imobiliários na construtora Provale, que reconfiguraram a paisagem da capital, que foi verticalizada em algumas regiões. A partir de 1979, passou a atender clientes particulares em seu próprio escritório.
Também edificada nos anos 1970, a Casa do Arquiteto, onde atualmente funciona uma loja de produtos de iluminação, no setor Marista, é considerada uma síntese do pensamento e da trajetória de Antônio Lúcio, que lá viveu com a família por mais de 30 anos. “Da rua se via uma casa aberta e transparente. Mais afastada da divisa, solta na topografia quase plana, liberada totalmente o seu pavimento térreo. O material predominante era outro, o concreto, que demarcava a ocupação em blocos maciços, mesmo de aparência pesada, sutilmente pousavam sobre o espaço.” (“Caminhos de uma arquitetura: obra e trajetória de Antônio Lúcio Ferrari Pinheiro”)
Mais informação
“Caminhos de uma arquitetura: obra e trajetória de Antônio Lúcio Ferrari Pinheiro” (2019). Dissertação de Ronaldo da Paixão Fonseca, UFG.