No decorrer dos anos, as obras viárias e de infraestrutura, entre tantas outras, confinam os cursos d’água e canalizam a drenagem ou as precipitações de chuva em Goiânia. Podemos observar essa situação na região da rua 87, no setor Sul, interditada ontem (16/04) devido ao surgimento de rachaduras comprometedoras no asfalto, relacionadas à galeria de água pluvial. A Prefeitura isolou o local e informa que até a terça terá terminado o reparo – se o clima for favorável.
Para o CAU/GO, o problema apresenta dois vieses que merecem atenção imediata de toda a sociedade.
Devemos repensar os projetos e as obras de infraestrutura urbanas, públicas e privadas, de forma a respeitar e a integrar os recursos hídricos às soluções propostas. Somente com esse ponto de partida poderemos: preservar os corpos hídricos para que exerçam sua função ambiental também no ambiente urbano; garantir que a água da chuva terá espaço suficiente para escoar sem danificar equipamentos ou edificações; promover a absorção da água pluvial pelo solo e lençol freático, proporcionando a recarga dos cursos d’água e prevenindo alagamentos; preservar com segurança a infraestrutura da cidade e tornar os microclimas locais mais amenos no entorno de rios e córregos.
A população foi pobremente informada sobre o problema, na manhã desta sexta-feira, 17/04, impedida assim de buscar trajetos ou horários alternativos que lhe garantissem menos perda de tempo e mais qualidade de vida, e amenizassem os efeitos da interdição sobre o tráfego. Os agentes da Prefeitura/SMT, segundo o próprio órgão informou, postaram-se apenas nas proximidades do ponto interditado, o que não foi capaz de evitar o grande fluxo de veículos que se dirigia a ele. Tampouco houve alertas contundentes em rádios ou jornais. O transtorno foi irradiado para diversas vias, afetando inclusive o bom funcionamento do transporte coletivo.
Certamente, trata-se de um problema observado em toda a cidade, nos seus mais diversos bairros. Cabe ao CAU/GO e a toda a sociedade discutir o assunto, propor soluções, promover mudanças (inclusive de comportamento) e melhorar a vida de todos na capital.