Graduado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS, em Porto Alegre, Márcio Priebe especializou-se em comunicação e marketing para mercado imobiliário. Em seu escritório na capital gaúcha, Smart – Arquitetura para a vida contemporânea, atua nas áreas de produto, marketing e negócios, com projetos para empreendimentos imobiliários de nicho.
O arquiteto participa no próximo dia 21 do Seminário Nacional “O mercado profissional do arquiteto e urbanista”, que o CAU/GO realiza em parceria com o Sebrae e a Asbea, encerrando o projeto Arquiteto Empreendedor de 2019. Clique aqui para se inscrever e conferir a programação completa.
“Acredito muito no papel investigativo do arquiteto, diante das necessidades e potencialidades do mercado imobiliário”, afirma, “onde parte do processo do projeto envolve a obtenção e planejamento do uso dessas informações.” Confira abaixo a entrevista completa:
Qual é o espaço que o arquiteto ocupa hoje no mercado imobiliário no Brasil e como ele pode exercer um maior protagonismo nesse setor?
Um dos pontos importantes é entender a posição que o escritório de arquitetura tradicionalmente ocupa dentro da cadeia de decisões do mercado imobiliário. Muitas vezes, a condução do processo de negociação de um terreno e de desenvolvimento imobiliário fica a cargo do incorporador ou da imobiliária. Ao arquiteto cabe muito mais a função de desenhar o projeto e adaptar soluções já pré-definidas do que necessariamente participar das definições.
Para buscar maior protagonismo, o arquiteto deve começar a participar cada vez mais do processo decisório. Seja tornando-se parceiro das incorporadoras e imobiliárias nesses ritos iniciais, seja assumindo a montagem e desenvolvimento de empreendimentos junto aos investidores e levando para os incorporadores e construtores essas oportunidades. Esse modelo, em que pequenos escritórios de arquitetura trabalham como desenvolvedores imobiliários, ocorre no Uruguai e na Argentina e foi a base inspiradora do surgimento da Smart.
Como o arquiteto deve definir o seu produto, a fim de atender tanto à legislação quanto às necessidades do mercado imobiliário?
Muitas vezes, o escritório de arquitetura adota uma posição passiva na avaliação e interpretação das informações de mercado e isso chega para o arquiteto sob a forma de um briefing de projeto já fechado. Acredito muito no papel investigativo do arquiteto, diante das necessidades e potencialidades do mercado imobiliário, onde parte do processo do projeto envolve a obtenção e planejamento do uso dessas informações. Sendo assim, o arquiteto deverá criar uma rede de relacionamento com imobiliárias, empresas de pesquisas e especialistas do setor, a fim de formar os insights necessários para o entendimento das demandas do mercado e, a partir disso, desenvolver o produto imobiliário e o projeto arquitetônico.
O atendimento à legislação é fundamental, pois apesar de permitir várias interpretações, ela também é extremamente rígida. Isso é importante para termos uma regra clara para todos. A legislação é um fator de libertação e não de condicionamento do arquiteto e é possível fazer coisas incríveis respeitando-a categoricamente.
Na sua experiência como arquiteto e urbanista, quais foram as lições mais importantes de empreendedorismo, que o ajudaram a determinar a forma como você trabalha?
O arquiteto por formação é um gestor de processos e de projetos. A ele cabe integrar diversas informações multidisciplinares dentro de um desenho e também a coordenação de equipes. Acredito que esses são alguns dos grandes valores e potenciais de desenvolvimento empreendedor do arquiteto e do urbanista, pois empreender é conectar informações e dimensionar os riscos junto aos parceiros, co-empreendedores e investidores. Além disso, é essencial ter um olhar para as necessidades do mercado e para as crenças autorais da sua própria formação. Empreender é curar oportunidades e o papel do arquiteto é ser um grande curador e orquestrador das necessidades do mercado sob a sua visão e ótica.